segunda-feira, 21 de setembro de 2009

... Um Vulcão chamado Aislin ...


Sabe aqueles dias em que você mal dorme... os pensamentos não param... você se revira de todas as formas na cama... e nehuma alternativa lhe ocorre? O melhor a fazer é DORMIR!!! Porque o dia seguinte vai mesmo chegar...não adianta em nada adiar... e com ele olheiras... mal humor... e a tal ansiedade, que te perturbou antes de se deleitar nos braços de Morfeu (e olha que dessa vez ele fez pouco caso e resolveu dar-lhe sonos interrompidos - castigo masculino por ter sido traído em pensamento), volta com uma intensidade ainda maior.
Tudo bem!!! Acorde!!! Não tem mesmo pra onde fugir!!! Lave este rosto de quem não tem auto-estima nenhuma no momento... coloque uma roupa decente, diferente desta de quem parece que vai mendigar na pça pública... Mexa-se!!! Faça a lista do que há para fazer no dia, minha querida Aislin... E não se esqueça de ligar para aquele médico que disse que você não morreria, ao menos naquele dia... Vai que o dia é hoje...? Enfrente o medo, pegue o telefone e disque!!!
Só rindo de você mesma, Aislin... seus pensamentos bizarros me fazem transcrevê-los:
-"Sra Secretária, meu exame ficou pronto? É hoje o dia anunciado ou ainda não? Devo escolher minha melhor roupa e a funerária para não dar trabalho aos parentes que chorarão rios de lágrimas, mas que no fundo se sentiram aliviados?"
-"Sra secretária, esse barulho estranho não é de quem acabou de acordar ou está sofrendo de rouquidão... rham-rham... é pavor mesmo... Por isso, a Sra pode ser breve e anunciar meu destino??? Quero dar uma de Patrick Swayze e aproveitar sem sofrimento o que me resta...
(Sem sofrimento??? É seu passatempo, profissão e esporte que você melhor desempenha Aislin...)
Ao ouví-la dizer que não é nada, mas em 30 dias no máximo o retorno deve ser agendado, para outros tantos exames, um suspiro enorme escapa!!! ALÍVIO!!! Pelo menos mais 30 dias de vida há pela frente, minha querida pessimista Aislin. Assim você pode continuar a regar seu jardim de pessimismo e masoquismo...
Oras bolas... grite, conte para o mundo a maravilhosa novidade!!! Não há para quem contar, não é mesmo??? seus familiares estão muito preocupados com outras coisas... seus poucos amigos nem se lembrar ou sabem de seu tormento... A ventania e a tempestade estão só dentro de você!!! Mas chore... pode respirar por hoje... pode viver por mais 30 dias... pode se permitir não se perder em pensamentos por hoje...
Você achou que não aguentaria? Que explodiria? Pensou en desistir? (risos). Seja um vulcão do bem... Exploda em alegria e vida e que suas lavas sejam sementes do bem. Pro mundo e principalmente pra vc...
E a vida continua, Aislin. No trabalho esperam pelo seu otimismo e doação ao próximo... esperam que você seja o paliativo para a dor alheia... faça o seu melhor nos próximos 30 dias...
Não... pelo amor de Deus, não confira a net antes de iniciar seu trabalho... sim, são suas amigas (que resolveram que vc não é "evoluida" o suficiente para estar com elas) na maior alegria e balada no fim de semana. Vire a página, querida... A sua vibração pessoal e profissional está além disso... confesso que seu pessimismo atrapalha... Por isso, sorrie e vibre!!! Com o UNIVERSO PARTICULAR que há em você...
Chore mesmo que sozinha... celebre mesmo que sozinha... Algo me diz, meio em OFF, que Morfeu lhe fará companhia essa noite... Não é lá um Raj Ananda... Mas o que você precisa hoje é estar nos braços de Morfeu... com ele e contigo, gata!!! Numa bela noite de sono...
E suas estrelas, planetas e universo farão de seu mundo extremamente particular...
PS: Qto a esse trecho de música que não lhe sai da cabeça hoje: "...falta tanto espaço, dentro de um abraço..." Preencha com a sua grandeza, querida Aislin.
Fui!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

... O Universo que cabe em mim... repleto de sorriso...


Recepções de clínicas são lugares bons para exercícios, para observar os outros, os funcionários da clínica, a relação entre eles... mas o melhor é a auto observação. Afinal não se pode desperdiçar 02 horas (dependendo da clínica e do exame 02 horas ainda é pouco) de chá de cadeira sem nada a fazer...
Ou faça nada por você... medite e escute o que o seu silêncio tem a lhe dizer... aceite aquilo que há tempos você recusa reconhecer (seja pelo motivo que for... e eu me incluo nessa lista). Se observe (adoro fazer isso)!!! Silencie seu barulho interior... pelo menos por enquanto... pelo menos durante o chá de cadeira...
Hoje me permiti fazer diferente das outras vezes em que precisei esperar... ou me "deliciar" com o tal chá referido... em situação anterior estaria nervosa, exalando negatividade, vomitando palavrões e ponta-pés, desejando um fuzil para descontar a frustração de ter que passar algum tempo comigo mesmo... pensando agora, de cabeça fria, me parece mais que ridículo... a espera me levará a essa experiência: passar um tempo comigo mesma... e hoje optei simplesmente passar um tempo comigo SUPER de bem com a vida...
Confesso que tudo foi bem mais divertido... e as risadas me garantiram menos rugas, pelo menos por hoje... Tive crise de riso com o toque de celular de um paciente que insistia em berrar (literalmente berrar, ultrapassava qualquer barreira do toque): "óia o pobrema aí, segura trem feio... uhuuu". Sim, roceiro assim. Exagerado assim. Sem a educação exigida para que telefones móveis sejam desligados em clínicas ou locais públicos. Para não assustar os distraídos. Para não tirar a concentração dos atarefados. Para não tirar alguém dos braços de Morfeu. Seja pelo que for: POR RESPEITO!!! Mesmo assim me delicio com a situação... quase não me contenho na cadeira de tanto rir e olha quem me conhece sabe que não faria tanto fora do meu metiêr... Rio ainda mais ao lembrar da recepção perplexa e confusa se entreolhar sem saber de onde vinha o pobrema.
Ainda aguardando e me refazendo do celular de outrem... me delicio com o livro "Comer, Rezar e Amar" de Elizabeth Gilbert. Com sua história dou gargalhadas em plena clínica lotada (lotada mesma, algumas pessoas de pé)... e me permito fazer isso, sem me importar com o que pensem a meu respeito... De alguma forma a amarra da rigidez está mais frouxa. Ufa!!! Também me sinto assim... Não sei se graças à maturidade, às minhas reflexões e experiências pessoais atuais ou ao fato hilário e literário (que me faz imaginar a situação... sim, eu sou uma daquelas pessoas que imagina a cena de qualquer história que leio ou escuto) da importância da massagem da banana para os homens... Imaginem o que quiserem... ou façam melhor... leiam o livro... um bom presente à alma e ao bom humor de cada um de vocês, leitores.
Finalmente chamada para o exame... não sei se o doppler ou a ultrassom, mas um deles faz um barulho que me dá muita vontade de rir... desvio o olhar do médico para que isso não ocorra... me fez lembrar o som do universo.... daqueles documentários da tv a cabo ou dos filmes de ficcção científica... me lembra do filme O CONTATO, com Jodie Foster... som bem parecido, como se algo desejasse contato comigo... Mas ei!!!... eu me reconheço... essa sou eu!!! Há todo um universo dentro de mim... que pulsa, que grita... que tem seu som único e quase indecifrável. Que esse som possa ter seu volume audível o suficiente para mim e por mim... que não seja preciso berrar e sofrer tanto por mim e em mim... e que jamais seja simplesmente um buraco negro... Pensar nisso faz escorrer uma lágrima no canto dos olhos por me reconhecer como universo... mas que no instante segundo desvia meu foco novamente para a risada... que loucura é essa, numa hora como essa, pensar no que estou pensando??? Risos contidos...
(OBS: para quem nunca se ouviu assim... internamente... vale a experiência... vale se ouvir e se sentir vivo organicamente).
E assim vai até terminar o exame... do riso quase volto às lágrimas. Por permitir que o medo (da doença) domine meu universo interno. Por quase perder o que acabo de descobrir: meus planetas, estrelas e ETs interiores...
O médico sabendo dos inúmeros questionamentos que faria, uma vez que o preveni anteriormente da paciente "curiosa" e também medrosa que sou, só me diz que hoje eu não vou morrer. Pelo menos por hoje...
Só se for de alegria, doutor... Só se for de risada...
Por me descobrir universo...
Por, pelo menos hoje, estar de bem com a vida...


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

... Longe de mim ...


Hoje já não sei quem sou... Única filha... caçula... minha infância foi de superproteção... e assim aprendi a proteger...
Casei cedo, tive dois filhos... mas meu mundo sempre foi meu marido... Por ele fazia tudo, por ele minha vida existia... Cuidava de casa, de filhos e nos poucos momentos em que ele estava em casa, devido o trabalho de caminhoneiro, o cercava de todo zelo e cuidado que conseguia. Sempre foi assim... Nunca questionei se era certo ou errado...
Em 2007 ele sofreu um acidente, o que o fez passar 01 ano e 08 meses preso em casa... Totalmente dependente de tudo... Gradualmente seu comportamento foi ficando agressivo. Por mais que eu fizesse por ele, menos reconhecimento eu tinha. Nunca questionei os motivos. Aceitava e fazia mais. Por amor!!!
Um dia acordo e ele não mais estava em casa... tinha levado tudo consigo... tinha levado parte ou quase tudo de mim tb... Abandonada!!! Me dou ao luxo de defendê-lo, dizendo a seu favor que sua alma sempre foi livre demais para ficar preso em qualquer lugar. Tento repetidas vezes me dizer isso, em função do amor que ainda há em mim.
Muito por ele... Nada por mim...
Mas é fato a sua fraqueza e suas fugas diante das dificuldades da vida...
Hoje me encontro e me descubro DOENTE... Problema renal... mas o que sangra e faz doer é a alma... é o amor...
Me enxergo como uma derrota...
Sem forças e sem chão...
sem identidade...
por amar a ele e não a mim...
Hoje me dizem para pensar na idéia do que a doença pode me ensinar... respondo que talvez tenha chegado a hora, mesmo que tardia, de me cuidar...
Hoje comentam da força que tenho, diferente de meu marido fugitivo das dores do mundo... é verdade... enfrento o que for...
Mas hoje, ao menos por enquanto, ainda não consigo chamá-lo de outra coisa que não seja
MARIDO!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

... Novos rumos de minha escrita ...


A partir de hoje contarei algumas das histórias que sempre ouço... me colocarei em suas lembranças e as relatarei como parte integrante das mesmas... Com o cuidado de quem segura um recém nascido pela primeira vez para que nomes, identidades e lugares não sejam revelados...
A única máscara que eu desejo que caia é a dor e a delícia de ser quem se é...