quinta-feira, 30 de abril de 2009

... Dualidade ...


Para compreender e acessar o coração de uma mulher selvagem, deve-se entender profundamente a sua dualidade natural. Necessário seria se esta dualidade fosse desenvolvida e (re)conhecida entre si. De forma equilibrada... Porém é fato que existem duas (ou tantas outras) mulheres na mulher selvagem. Uma visível, objetiva, tangível, um ser exterior; outra vive num mundo invisível, vinda de muito longe, deixando surpresa e originalidade no ar. Essas duas mulhers cuidadas e cultuadas com merecimento acessam e valorizam na mulher selvagem toda sua força, vitalidade, potencialidade e espiritualidade. Uma sem a outra vive-se bem... mas não por inteiro... não o tempo inteiro... talvez até que o inverno chegue...
"O poder de ser dois está em agir como uma entidade una".
Procuro homens que aceitem minha dualidade... que não queiram uma mulher imutável e inalterável... ou a mulher perfeita de uma ficcção qualquer. Quero quem aceite o meu mistério em ser várias mulheres, sem fazer disso um grande problema... porque essas mulheres se fundem na mulher selvagem que sou...
Quero aquele que anseie em conhecer e desbravar meu mundo externo e meu tesouro escondido... e mais do que paciência, sinta fascínio por tais descobertas. E me siga, a seu tempo e seu modo, em sua própria descoberta e escavação... Quero um homem adulto que já saiba o que realmente quer da vida...
Quero o que há de auspicioso no mundo... isso incluiu meu parceiro de jornada... isso inclui desbravamento interno e externo... isso inclui VIVER E RESPIRAR plenamente... profundamente... até transcender...

sábado, 25 de abril de 2009

... Destoante ...



Certas cenas e fatos me tiram a voz... me provocam pavor... me causam vergonha...

Procuro cores no mundo... nas pessoas... na natureza... no que faço... nos pensamentos que tenho... quero o que há de melhor para mim e para o próximo... quero luz e vibração... quero vida!!! Ah se todos os desejos e realizações fossem assim...

Em meio a uma procissão ao dia de São Jorge, na cidade do Rio de Janeiro, um ser humano sem coração decide se "armar" para abrir caminho... Sem cor na alma... sem senso do santo celebrado que realiza demandas e abre caminhos... Não é preciso uma imprecisão em meio comoção de fé!!! De paz... de cores... Ato que perde a graça... perde o gesto... perde a humanidade... perde a cor...

Quando foi que a humanidade se tornou cega??? Daltônica... Será que apenas eu busco e anseio cores??? Talvez a falta de tom esteja em mim... ou não...


PS: Desabafo diante de um ato insano... ridículo... onde tudo deveria ser festa...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

... Ogunhê ...


Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por Nós.
Ogunhê!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

... INICIAÇÃO ...





Acredito que nada nos chega por acaso... seja uma carta, uma pessoa, um olhar, uma palavra, um conselho, uma indicação... tudo tem seu momento e sua hora! Por indicação, delicio-me com o livro “Mulheres que correm com lobos”... e a passos largos, porém cuidadosos, entrego-me à minha descoberta... Como uma loba à espreita, investigo quem fui, o que sou e o que há de ser.
Imersa em minha leitura, vasculho a gaveta de meu passado. Lembro-me de um workshop astrológico que participei, na busca da cura de uma separação, cura do abandono de amigos e emprego, em busca de um resgate de quem eu era. Na vivência desse workshop descobri habitar em mim uma índia anciã (provavelmente interessada e preocupada em minha cura) e uma pantera negra de olhar profundo e amarelo intenso e vibrante (animal este que na simbologia representa morte e o que há de diabólico no indivíduo). Carregava de verdade toda a experiência.

Naquela época encontrei um parceiro ideal para vida, um caminho de iluminação e ascensão... mas meu mundo estava míope... sem foco... não conseguia vivenciar nem uma coisa e nem outra... afinal vivia dominada e fixada no olhar de uma pantera negra... buscava incansavelmente retomar a pessoa que fui antes a entrega à paixão... Meu mundo cheirava a morte e ao que morria em mim...
Durante muito tempo, e confesso até suspiros atrás, não havia me dado conta do imenso boicote a que venho me flagelando. Hoje enxergo que jamais voltarei ao que era... a pantera negra fazia seu ritual de morte não da vida que levava, como acreditava. Mas ao me olhar fixamente, ela anunciava a morte de quem eu tinha sido.

“Aquele que recria a partir do que está morto é sempre um arquétipo de duas faces. A Mãe Criadora é sempre também a Mãe Morte, e vice-versa. Em virtude dessa natureza dual, ou duplicidade de função, a grande tarefa diante de nós consiste em aprender a compreender em nossa volta e dentro de nós exatamente o que deve viver e o que deve morrer. Nossa tarefa reside em captar a situação temporal de cada um: permitir a morte àquilo que deve morrer, e a vida ao que deve viver” (pg.50).

Hoje enterro muitos dos sonhos, planos, esperanças e anseios que tive. Faço uma observação e constatação ao título deste blog e às postagens anteriores... não havia consciência que os sonhos que não existem mais dizem respeito a outra pessoa... que só existe no passado... agora é tempo, é hora de reconstruir, de recomeçar... mas como uma loba recém descoberta ainda temo... ainda tremo... é preciso ainda olhar os papéis que desempenho e ir com calma...

“(...)descubra os corpos, siga os instintos, veja o que estiver vendo, reúna energia psíquica, acabe com a energia destrutiva. (...)Na realidade externa encontramos mulheres planejando suas fugas, seja de um antigo estilo destrutivo, de um amante, seja de um emprego. Ela para para ganhar tempo, ela espera a hora certa, ela planeja sua estratégia e reúne suas forças interiores antes de realizar uma mudança externa. As vezes é exatamente esse tipo de ameaça imensa do predador que faz com que a mulher deixe de ser um amor de pessoa que se adapta a tudo e passa a ter o olhar suspeito dos desconfiados” (pg.81).

Rio o quanto meu inconsciente vem pedindo por mudança... por urgência... há anos sempre tenho um sonho recorrente, com um avião caindo e explodindo próximo a mim. O avião simboliza minha viagem interior e pessoal. Assim como também os sonhos e planos passados... que insisti que voltassem, que fosse retomada a vida que tinha antes de me entregar à paixão. A explosão, a morte, o medo e terror no sonho me mostram agora aquilo que já não existe. E o quanto é urgente deixar o novo surgir... com aquilo que fui e com aquilo que sou... Um campo iniciático se abriu para mim... para que meus talentos sejam (re)valorizados... para que surjam amores e caminhos... para que eu me torne e aconteça. A vida me pede mudanças extremadas, atitude!!!


“Nesses casos, o sonho com o homem sinistro muito embora acompanhado de um medo que sobressalta o coração, não é um sonho agourento. Ele é muito positivo e trata de uma necessidade correta e oportuna de acordar para um movimento destrutivo dentro da própria psique; para aquilo que está furtando nosso fogo; intrometendo-se na nossa energia; roubando de nós o lugar, o espaço, o tempo e o território para a criação” (pg.94).

Sinto agora necessidade de um encontro com minha índia anciã e minha pantera negra... para que repousem e descansem em paz em mim... permitindo à minha jovem (aos menos aos meus sentidos) loba uma linda e intensa jornada. Pois me permitirei, acenderei meu fogo, me inundarei de energia e seguirei um novo caminho... do que sou feita agora... sem excluir minhas dores de ontem... mas vislumbrando um amanhã radiante... a partir de hoje esse blog diz respeito aos pensamentos, sentimentos e palavras de quem jamais deixará de sonhar... apenas sonha outros sonhos...

Para finalizar:

“Antigos anatomistas falaram de o nervo auditivo dividir-se em três caminhos nas profundezas do cérebro. Eles concluíram que o ouvido devia, portanto, funcionar em três níveis diferentes. Um deles seria o das conversas rotineiras da vida. Um segundo seria dedicado à aprendizagem e à arte. E o terceiro existiria para que a própria alma pudesse ouvir orientações e adquirir conhecimento enquanto estivesse aqui na terra” (Pg.41-42).

Como diz o inspiradíssimo (delíííciiiiiaaaaaa :D)Fernando Anitelli, criador da trupe O Teatro Mágico, que eu possa sempre “ouvir com outros olhos”. Mais apurados agora graças à loba que se faz em mim. E que assim se dê minha iniciação de uma outra jornada... em meios a uivos... de uma loba do pelo branco como a neve...

OBS: Citações extraídas do livro “Mulheres que correm com lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem”, de Clarissa Pinkola Estes (Editora Rocco).