quarta-feira, 9 de setembro de 2009

... Longe de mim ...


Hoje já não sei quem sou... Única filha... caçula... minha infância foi de superproteção... e assim aprendi a proteger...
Casei cedo, tive dois filhos... mas meu mundo sempre foi meu marido... Por ele fazia tudo, por ele minha vida existia... Cuidava de casa, de filhos e nos poucos momentos em que ele estava em casa, devido o trabalho de caminhoneiro, o cercava de todo zelo e cuidado que conseguia. Sempre foi assim... Nunca questionei se era certo ou errado...
Em 2007 ele sofreu um acidente, o que o fez passar 01 ano e 08 meses preso em casa... Totalmente dependente de tudo... Gradualmente seu comportamento foi ficando agressivo. Por mais que eu fizesse por ele, menos reconhecimento eu tinha. Nunca questionei os motivos. Aceitava e fazia mais. Por amor!!!
Um dia acordo e ele não mais estava em casa... tinha levado tudo consigo... tinha levado parte ou quase tudo de mim tb... Abandonada!!! Me dou ao luxo de defendê-lo, dizendo a seu favor que sua alma sempre foi livre demais para ficar preso em qualquer lugar. Tento repetidas vezes me dizer isso, em função do amor que ainda há em mim.
Muito por ele... Nada por mim...
Mas é fato a sua fraqueza e suas fugas diante das dificuldades da vida...
Hoje me encontro e me descubro DOENTE... Problema renal... mas o que sangra e faz doer é a alma... é o amor...
Me enxergo como uma derrota...
Sem forças e sem chão...
sem identidade...
por amar a ele e não a mim...
Hoje me dizem para pensar na idéia do que a doença pode me ensinar... respondo que talvez tenha chegado a hora, mesmo que tardia, de me cuidar...
Hoje comentam da força que tenho, diferente de meu marido fugitivo das dores do mundo... é verdade... enfrento o que for...
Mas hoje, ao menos por enquanto, ainda não consigo chamá-lo de outra coisa que não seja
MARIDO!!!

Nenhum comentário: