terça-feira, 15 de setembro de 2009

... O Universo que cabe em mim... repleto de sorriso...


Recepções de clínicas são lugares bons para exercícios, para observar os outros, os funcionários da clínica, a relação entre eles... mas o melhor é a auto observação. Afinal não se pode desperdiçar 02 horas (dependendo da clínica e do exame 02 horas ainda é pouco) de chá de cadeira sem nada a fazer...
Ou faça nada por você... medite e escute o que o seu silêncio tem a lhe dizer... aceite aquilo que há tempos você recusa reconhecer (seja pelo motivo que for... e eu me incluo nessa lista). Se observe (adoro fazer isso)!!! Silencie seu barulho interior... pelo menos por enquanto... pelo menos durante o chá de cadeira...
Hoje me permiti fazer diferente das outras vezes em que precisei esperar... ou me "deliciar" com o tal chá referido... em situação anterior estaria nervosa, exalando negatividade, vomitando palavrões e ponta-pés, desejando um fuzil para descontar a frustração de ter que passar algum tempo comigo mesmo... pensando agora, de cabeça fria, me parece mais que ridículo... a espera me levará a essa experiência: passar um tempo comigo mesma... e hoje optei simplesmente passar um tempo comigo SUPER de bem com a vida...
Confesso que tudo foi bem mais divertido... e as risadas me garantiram menos rugas, pelo menos por hoje... Tive crise de riso com o toque de celular de um paciente que insistia em berrar (literalmente berrar, ultrapassava qualquer barreira do toque): "óia o pobrema aí, segura trem feio... uhuuu". Sim, roceiro assim. Exagerado assim. Sem a educação exigida para que telefones móveis sejam desligados em clínicas ou locais públicos. Para não assustar os distraídos. Para não tirar a concentração dos atarefados. Para não tirar alguém dos braços de Morfeu. Seja pelo que for: POR RESPEITO!!! Mesmo assim me delicio com a situação... quase não me contenho na cadeira de tanto rir e olha quem me conhece sabe que não faria tanto fora do meu metiêr... Rio ainda mais ao lembrar da recepção perplexa e confusa se entreolhar sem saber de onde vinha o pobrema.
Ainda aguardando e me refazendo do celular de outrem... me delicio com o livro "Comer, Rezar e Amar" de Elizabeth Gilbert. Com sua história dou gargalhadas em plena clínica lotada (lotada mesma, algumas pessoas de pé)... e me permito fazer isso, sem me importar com o que pensem a meu respeito... De alguma forma a amarra da rigidez está mais frouxa. Ufa!!! Também me sinto assim... Não sei se graças à maturidade, às minhas reflexões e experiências pessoais atuais ou ao fato hilário e literário (que me faz imaginar a situação... sim, eu sou uma daquelas pessoas que imagina a cena de qualquer história que leio ou escuto) da importância da massagem da banana para os homens... Imaginem o que quiserem... ou façam melhor... leiam o livro... um bom presente à alma e ao bom humor de cada um de vocês, leitores.
Finalmente chamada para o exame... não sei se o doppler ou a ultrassom, mas um deles faz um barulho que me dá muita vontade de rir... desvio o olhar do médico para que isso não ocorra... me fez lembrar o som do universo.... daqueles documentários da tv a cabo ou dos filmes de ficcção científica... me lembra do filme O CONTATO, com Jodie Foster... som bem parecido, como se algo desejasse contato comigo... Mas ei!!!... eu me reconheço... essa sou eu!!! Há todo um universo dentro de mim... que pulsa, que grita... que tem seu som único e quase indecifrável. Que esse som possa ter seu volume audível o suficiente para mim e por mim... que não seja preciso berrar e sofrer tanto por mim e em mim... e que jamais seja simplesmente um buraco negro... Pensar nisso faz escorrer uma lágrima no canto dos olhos por me reconhecer como universo... mas que no instante segundo desvia meu foco novamente para a risada... que loucura é essa, numa hora como essa, pensar no que estou pensando??? Risos contidos...
(OBS: para quem nunca se ouviu assim... internamente... vale a experiência... vale se ouvir e se sentir vivo organicamente).
E assim vai até terminar o exame... do riso quase volto às lágrimas. Por permitir que o medo (da doença) domine meu universo interno. Por quase perder o que acabo de descobrir: meus planetas, estrelas e ETs interiores...
O médico sabendo dos inúmeros questionamentos que faria, uma vez que o preveni anteriormente da paciente "curiosa" e também medrosa que sou, só me diz que hoje eu não vou morrer. Pelo menos por hoje...
Só se for de alegria, doutor... Só se for de risada...
Por me descobrir universo...
Por, pelo menos hoje, estar de bem com a vida...


Nenhum comentário: